Aprendi a
viver com simplicidade, com juízo,
a olhar o
céu, a fazer minhas orações,
a passear
sozinha até a noite,
até ter
esgotado esta angústia inútil.
Enquanto no
penhasco murmuram as bardanas
e declina o
alaranjado cacho da sorveira,
componho versos
bem alegres
sobre a vida
caduca, caduca e belíssima.
Volto para
casa. Vem lamber a minha mão
o gato
peludo, que ronrona docemente,
e um fogo
resplandecente brilha
no topo da
serraria, à beira do lago.
Só de vez em
quando o silêncio é interrompido
pelo grito
da cegonha pousando no telhado.
Se vieres
bater à minha porta,
é bem
possível que eu sequer te ouça.
Anna
Akhmátova
tradução de Lauro Machado Coelho
tradução de Lauro Machado Coelho
Sem comentários:
Enviar um comentário
Os comentários são livres e responsabilizam exclusivamente os seus autores. Estão sujeitos a moderação.